quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Industrianato????? No, thanks.

Produtos Ane* Walsh 
É muito bacana aceitar sugestões dos amigos e esta porta sempre estará aberta para eles. Adoro os palpites e toques e dicas de toda qualidade, mas...
Há certas coisas que não quero mudar na minha confecção.
Por que as etiquetas são feitas à mão? Por que não comprar etiquetas lindas, mandar fazer umas padronizadas, com figuras, etc? Por que estas etiquetas escritas à mão, que só ocupam tempo e dão trabalho? Você não quer crescer? Abrir uma loja? Enviar seus produtos para lojas e locais de revenda? Vender mais?

Eu digo um grande e sonoro, NÃO!!!!
Então vamos à explicação, voltando do fim para o começo:
Vender mais? Tá tudo bem, estou vendendo. Bem ou mal, nunca parei ou sofri crise. Vendo óleos essenciais para duas firmas, perfumes, sabonetes e cosméticos, na minha página, no Facebook, em Cambuquira, um pouco aqui, outro ali e vou indo, sem parar, alegrinha. Mais ainda? Talvez não desse conta.
Enviar produtos para revenda?  Pode ser, mas a loja tem que comprar. Não faço consignação por um motivo: se a loja não vende, o produto volta todo escangalhado. O prejuízo é maior que o lucro, quase sempre. Para mim, não vale a pena. Prefiro usar o produto em vez de sabê-lo mal tratado.
Ter uma loja? Não tenho condições de fazer um estoque tão grande assim. Trabalho sozinha e sou tão egocentrada que não permitiria que ninguém me ajudasse nem pagaria alguém para trabalhar para mim, pois a minha proposta não é esta.
Não quero crescer no negócio além do que posso produzir. Tenho uma idade em que não preciso nem posso mais correr e já faço muito além do que seria razoável, nas minhas condições físicas. Há outras atividades para desenvolver, que não quero abrir mão, como as traduções e escritas; como o Sítio Curupira, que eu amo; como cuidar da casa e do jardim (minha parte), que eu também curto e não quero nem vou parar. Minha vontade é pegar leve.
As etiquetas, como quase tudo que faço são feitas com as mãos. Está escrito na minha logomarca, "artesã perfumista". Este "artesã" é pra valer. Não quero nada que não seja artesanato, nem mesmo a etiquetinha de cada produto. Não quero tamanhos, embalagens iguais, não quero o padrão, a regra, pelo contrário. Minha cabeça anárquica não aceita mais que isso. Nada mais "profissional", "padronizado", caprichado e clean. Meu trabalho é amador (amador é aquele que ama), artesanal, em pequena escala e é assim que a minha banda toca.
Quem me ajuda? Meu marido. Ele cuida da parte do serviço da casa que ele mais gosta e ajuda muito, com isso. Estamos bem assim e vamos em frente sem atrapalhar ninguém. Há cumplicidade de velhos amigos em tudo que fazemos aqui. Enquanto pudermos, continuaremos ativos e trabalhando, mas cada vez em um ritmo MENOR. 
Somos muito ricos, à nossa maneira e nossa vida é um barato!
Precisamos mais que isso? Não. Estamos ambos contentes com o que temos e fazemos e não paramos de trabalhar, mesmo aposentados, pois somos humanos e não sabemos fazer fotossíntese, temos que nos manter ativos.
Ajudo a quem me pede, faço acontecer um monte de coisa legal, participo de muitas atividades, curto todas elas com intensidade, ensino tudo que sei, desejo boa sorte a todos os que de mim retiram ideias e conhecimento, faço o possível para ajudar, mesmo sendo "pobre"e "tosca".  Boa Sorte! é o que desejo a todos os que me cercam.
E quem compra meus produtinhos não está preocupado com o rótulo ou com a embalagem. Reconhece o que vai ali dentro, mal embrulhado e sabe a qualidade. De que me adianta ter um produto lindo que se decompõe? Fazer um perfume de três notas, pontudo, que muda de cheiro, chamado por aí de "pífio", sem qualidade? Um sabonete lindo, que tem cheiro insuportável embalado divinamente? Um produto que promete e não cumpre? Um perfume que faz desmaiar e passar mal, com cheiro de remédio, desinfetante, inseticida, bala ou algo assim?
Quero um trabalho de qualidade legal. Nem sempre consigo, mas me esforço bastante para que fique sempre em um bom nível.
Sigo em frente, com as etiquetas manuscritas e pintadas, saquinhos de papel, embalagens de vidro, reciclando caixas, em meu amadorismo de artesã de aromas.
A minha busca é atender uma clientela limitada mas boa, que eu conheço e me conhece e curte meus produtos. Assim mesmo, humildemente, sem loja, sem padrão (nem patrão!), sem profissionalismo. Só assim posso criar em qualquer lugar que eu seja ou esteja.

Podem tirar de mim até o travesseiro onde ela está apoiada, mas as ideias que fluem de minha cabeça, são minhas e vêm profusa e incessantemente.
Para quem tece críticas a este meu modo de ser, agradeço a preocupação e os momentos de energia de pensamento para a minha pessoa. 
Afinal, a pessoa, quando é a pessoa, é a pessoa, mesmo!...