domingo, 9 de janeiro de 2011

"Little Swans" - A Dança sagrada.

Bem, vamos falar sobre a dança. Passei a vida aprendendo a dançar. Vamos dizer a verdade: até hoje danço mal, mas adoro bailar. Quando era pequenina, aos 2 anos de idade (tenho flashes de lembrança desta época que me fazem sorrir), minha mãe me colocou no ballet. Aprendi desde pequena a ter compromissos, a fazer um esforço maior que minhas pernas aguentavam, a cair de joelhos em uma tarantela sem fim, a levantar a saia dançando can-can, chacoalhar a peneira, dançar chachado, frevo, samba, imitar Carmen Miranda (meu anjo da guarda) e, por fim, a morte do cisne todinha na ponta. Depois passei pela Escola de Bailado Municipal. Dois anos para perceber que eu não sabia nada e era uma pré-adolescente desengonçada e sem perfil para o ballet classico. Fui até aluna de Mme. Maria Olenewa, bailarina russa do Bolshoi, que tinha sido a professora de todos os meus professores e uma das fundadoras do corpo de baile de SP. Pobre de nós duas, que tentávamos realizar o impossível: fazer de mim uma bailarina clássica. Uma taurina de 12 anos é bem difícil de se convencer. Mas fui convencida e minha mãe também. Fiquei anos sem dançar. Uma crise financeira na família; mais tempo na escola e mais deveres; um instrumento marcante como o violão, para aprender; os primeiros amores, me fizeram esquecer a bailarininha, como se fosse a caixinha de música que você nem se lembra mais, encostadinha em um canto do armário da mente. Quando estava no segundo ano de faculdade, uma amiga estava aprendendo ballet na escola Stagium e me adotou. Tudo que ela aprendia, me ensinava, até me introduzir no estúdio e eu fazer alguns meses de aula, de cortesia. Era a velha caixinha de música funcionando outra vez... Foi gostosa esta volta, mas acabou logo, pois havia muitas mais coisas acontecendo, inclusive um coral, que Oh! - tomava muito do meu tempo! Mas dancei esporadicamente, dentro das minhas limitações, nas festas e bailes. Passou-se muito tempo, décadas, filhos nasceram, cresceram, se formaram, e eis-me aqui, mais uma vez aprendendo a dançar, depois de serem constatados mais de dez bicos de papagaio na coluna, artrose lombar, em dois dos joelhos (parece que eu tenho mais joelhos, de tanto que causam...), nos tornozelos e dedões dos pés... Eu não perderia jamais esta oportunidade. Estou aprendendo dança há dois anos (nossa como é difícil quebrar a cintura de um botijão de gás!). Um esforço grande para mexer as vértebras encavaladas, criar movimento com os ossos emperrando. É difícil, mas aliada à medicina ortomolecular, hidroginástica, fisioterapia e acupuntura, a dança é uma bênção para este corpo cansado de guerra. Origem de muitas risadas, folias, celebrações quando acertamos um passo ou lembramos a coreografia. As aulas são minsitradas por uma garota linda, de 15 anos (Lanuele Marques - guardem bem este nome), minhas colegas, Juliana e Tavana, foram alunas por muito tempo, somos todas muito alegres e falantes e dançamos rindo o tempo todo e nos gostamos. Isso faz muito bem. Recomendo às pessoas que não gostam de exercício. Dançar é muito melhor que caminhar. Faz bem para a alma, dá alegria, mexe conosco por dentro, também. Esquecemos de tudo nos minutos sagrados da dança. Só pensamos no passo, na sequência, na coordenação motora, na consciência do meu corpo e do corpo das outras, na agilidade das pernas e braços, no meu ritmo e no pulso da música, no movimento, no desenho, na postura, na respiração e no eterno sorriso. Esta atividade me dá muita alegria. Quer dançar?

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