quarta-feira, 18 de abril de 2012

George William Septimus Piesse (1820-1882)

Imagine um sonhador!
Sim, mas também um homem responsável, com uma grande família, cheio de energia, uma pessoa afetiva, que adora seus filhos e esposa, uma pessoa alegre, que gosta de ser a atração da festa, que vive cercado de crianças às quais faz de tudo para agradar, um homem inventivo, um grande perfumista, que nas horas de lazer faz mágicas!
Um homem moderno, de grandes ideais evolucionistas.
Pouco se sabe dele como pessoa e provavelmente não deva existir alguma biografia mais completa deste importante personagem da história da Perfumaria.
Foi Piesse o autor de um livro consultado e amado por todos os perfumistas, principalmente os que usam material botânico na composição de seus perfumes, "A Arte da Perfumaria - e método de obter o odor das plantas". Livro que se encontra facilmente nas estantes da internet para quem dele precisar.
 Piesse viveu no século XIX, antes de haver eletricidade nas casas, rádios, toca discos, cinema, televisão. Em troca, tinham mais tempo de convívio com seus familiares.  Os carros eram puxados a cavalo, os navios tocados a vapor e os aviões ainda não roncavam no céu.
Revolução Industrial, o Império Britânico estava orgulhoso de suas conquistas.
No meio do século, foi erguido o Crystal Palace, uma edificação enorme, toda em vidro, para uma exposição que trazia produtos de todos os cantos do Império e todas as indústrias teriam suas representações: The Great Exhibition, de 1851.
Crystal Palace

Nesta exposição, os olhos de Piesse viram tantas possibilidades, tantas condições de progresso em sua arte, se os ingleses plantassem mais flores, se pudessem colher mais aromas de países do Império onde o clima fosse favorável, iniciar o plantio na Austrália, onde seus irmãos tinham propriedades e exerciam cargos de importância política.Mesmo depois da morte de seu irmão, Piesse continuou sonhando com as fazendas de plantação de flores no continente australiano.Inclusive é o primeiro a ter a ideia de se plantar sândalo na Austrália.Ainda bem que o fizeram. Sem estas plantações talvez não hovesse mais sândalo, pois é o único disponível, sem adulteração e a um preço possível para o perfumista natural, já que o Myssore branco, da Índia e Sri Lanka estão em extinção.
Laboratório das Flores
As condições de trabalho eram bem diferentes, técnicas de extração de perfume das flores e folhas e cascas e resinas de que se utilizava o perfumista de então.
Confecção de sabonetes, talcos, vinagres,pastilhas, brilhantinas, Águas e loções, na época em que perfume se usava mais no lenço, para ser levado ao nariz, de vez em quando e disfarçar o odor do ambiente, nas luvas no couro das bolsas e sapatos, para encobrir seu próprio odor, caissettes de marfim com perfumes sólidos, todos elaborados com matéria prima inteiramente natural. Perfumes que levavam almíscar, civet, ambar gris, jasmim de Grasse, rosas da Bulgária, lavanda da Inglaterra.


Em seus estudos diversos, Piesse encontrou relação entre os sons e os perfumes, e começou a falar em tonalidades, harmonias, acordes, notas. Inventou o  ODOPHONE, um instrumento perfumístico em que se pode compor acordes para construir perfumes, em harmonia.
Seu trabalho sempre  estará permeado em meus trabalhos, suas mágicas sempre me serão familiares, seus conselhos e receitas sempre guiarão minhas composições e espero que suas ideias sejam perpetuadas, aqui também.

6 comentários:

  1. Asas.
    Assim nos tratamos, Ane e eu.
    Piesse é mais um vôo dos muitos que já voamos e dos que ainda voaremos!

    O prefácio em português, está pronto!

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  2. adorei....viajei por um mundo conhecido nas suas palavras....Beth Bacchini

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  3. Nossas asas não batem, planam e planejam, e assim vamos. Não vejo a hora de botarmos este ovo...

    Beth, quando o ovo chocar eu vou te conhecer. hahaha

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  4. Esqueci de citar que Piesse foi o primeiro a dar a ideia de plantar sândalo na Austrália. Não foi para ouvidos moucos, pois esta ideia ecoou. Plantaram então o sândalo na Austrália e Nova Zelândia e é o sândalo disponível para o trabalho dos perfumistas naturais. Ainda bem. Pois o Myssore branco da Índia e Sri Lanka quase não existe mais.
    Graças a Piesse "Habemus Santalum!".

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  5. Hoje estou usando Eau d'Oeillet, uma receita deste grande perfumista.

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