sábado, 6 de fevereiro de 2016

Muitos planos.

Eu bem queria ter escrito em janeiro. Não custaria muito uma postagem por mês, mas muitas vezes tem algum bicho pegando e nada de blog... 
Cá estamos, neste fevereiro um pouco mais longo e em pleno Carnaval!
Neste ano, pretendo ficar mais tempo em casa do que fazendo as oficinas. Explico: as oficinas são ótimas, porém eu sou uma só e é difícil segurar meu artesanato, porque é tudo feito com a mão, desde a etiqueta e os pacotinhos, os produtos, a limpeza, as remessas, tudo eu. Jamais consentiria que alguém mais mexesse nas coisas que eu faço. Tudo é vulnerável, bagunçável, quebrável, estragável. Um par de mãos que não soubesse direito do que se trata, tentaria colocar tudo "em ordem", jogar fora minhas preciosidades fedorentas, tentar "arrumar" cantinhos, que se mexer, estraga tudo!
Prefiro estar neste comando, do que me aborrecer muito mais. Sempre fui responsável pelo meu próprio lixo e arrumação. Nada de novo.
As oficinas roubam muito tempo e energia. A viagem é cansativa, embora sempre volte feliz, repleta, amando o que fiz e os participantes todos. Cheia de lembranças de todos, que quase nunca lembro do nome, mas as carinhas alegres eu não me esqueço...
No final deste mês estarei em São Paulo, na Aromaflora, para a 4ª oficina na loja da Beatriz Yoshimura. Estarei também firmando mais um projeto bem legal, com uma moça de São Paulo e iniciando mais um perfuminho soprado no ouvido pela compositora...
Em março, vai ser o II Congresso de Aromatologia, em BH, onde conhecerei o autor do livro que eu traduzi no segundo semestre do ano passado: "Fundamentos da Terapia Holística com Óleos Essenciais". Dietrich Gümbel vem aí para o lançamento do livro e da Editora Laszlo, com outros livros de outros autores, como a incrível parceria de  Fábián Laszlo com R.M. Gattefossé, um livro obrigatório para quem curte aromas e que promete ser genial!!!!
Esta festa eu não posso perder!
Novidades:
Agora existe Fádima, a sabonetaria. Um espaço dedicado a fazer sabonetes sem  melecar a perfumaria com sabão, sem o aroma do sabonete interferir tanto no aroma dos perfumes, sem ter que limpar vidrinho por vidrinho cada vez que espirra sabão na bancada... Ufa! Que trabalheira era fazer uma barra!!! Agora tudo está maneiro e as duas atividades, separadas, cada uma em seu nicho e habitat particular.
Depois desta tremenda reforma na casa, ela ainda prossegue, na parte externa. Preciso cuidar bem da água que entra nos cosméticos e sabonetes. Quero-a mais pura e mais limpa. Tenho um destilador, mas a água da rua (COPASA e tudo) é cheia de argila, vai acabar estragando meu destilador.  Verifico sinais de oxidação e rompimento do metal onde a argila fica depositada. Aparelho é bom, mas custa caro. Preciso de uma cisterna para coletar água de chuva bem limpinha, para destilar. Costumava coletar com baldes, bacias e panelas, mas não é uma prática aconselhável num tempo em que os pernilongos são, cada vez mais, nossos vis predadores assassinos. Não sou eu quem vai fornecer maternidade para eles.
Mas o que eu quero contar é sobre dois frasquinhos que estão enterrados desde o dia 2 de fevereiro, em homenagem ao mar e à Grande Deusa.
Refiro-me à Deusa ancestral, a grande Mãe da Natureza, a luz divina da Lua (Selene, Cilene), a mãe (Cibele) do trigo e do pão, da oliva e das messes, da criação e do gado, da fertilidade da reprodução e das colheitas. 
A Deusa, que existia antes de haver religião monoteísta. Antes de ser um só Deus, que deveria abranger o feminino e o masculino, mas que as pessoas interpretam como sendo masculino. Acredito que NÃO SEJA!
Deus, a divindade, é pai e mãe, está em todos os homens e nas mulheres, também. E está dentro e fora do planeta e nos organismos que nele vivem. Assim como a Deusa primordial também está presente, pois somos masculinos E femininos, com o predomínio de uma dessas formas do SER (nossos hormônios não mentem jamais!).

Creio que nossos valores mitológicos não devam se perder. Que o respeito aos mitos deve existir, que valorizaríamos muito mais nossos ancestrais, a vida e a natureza, se cultuássemos esses mitos todos, em vez de uma só face de Deus.
Estes dois perfumes encerrados no escuro e na umidade da terra irão florescer em algum tempo de maturação. Não determinei quanto tempo. Eles saberão. Estão encerrados em uma urna e perfumarão somente quando me avisarem.
Perfume fala!
Duas flores bonitas e noturnas estão sendo misturadas a madeiras, no seu tempo, no seu ritmo de difusão e amálgama, sem aceleração, a temperatura constante, no escuro da terra. Já tenho um perfume que foi feito assim e é um favorito meu, chamado GOVINDA. Ficou enterrado por um ano, para simbolizar e celebrar minha libertação.
Esta homenagem aos mitos, que desde muito cedo em minha vida me acompanham e regem meus dias, com o seu Saber.
Não tenho religião, tenho religiões. Não sigo uma, mas todas as que me soam verdadeiras, que resssoam em mim, como as cordas do violão vibram quando um som se harmoniza com elas. Todo caminho que leva ao Eterno é bonito. 
Ofereço meu ano à Grande Deusa primeva da Lua, que sempre me atende os pedidos.
"Senhora, minha Senhora, minha filha tem teu nome."


A Grande Deusa Sybel
Afresco dos primeiros hititas, cerca de 1500AC. 


2 comentários:

  1. Que maravilha de texto, Ane! Adoro seu trabalho. Beijos!

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  2. Nossa que texto lindo e inspirador, sem falar iluminado. Oi Ane como foi bom conhecer esse cantinho... que conheci ontem atrás de um outro blog. Estou nessa fase de ter uma vida mais natural, falo com minhas plantas e acendo meus incensos, procuro sossegar a alma no meio desde cotidiano caótico... Depois que fiz 40, que estão me fazendo muito bem, esse desejo está cada vez mais latente. Gostaria de conhecer seu trabalho e fazer um curso contigo onde posso te encontrar? É sempre um prazer conhecer pessoas como você... pessoas com alma perfumada. Com carinho e uma linda quinta...... Regiane.

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