segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Perfumaria Antiga.

Usando este magnífico flacon do perfume L'Abeille Noire, de Guerlain, quero iniciar a conversa sobre perfumes.

Falar sobre aromas é algo difícil. No nosso vocabulário, as palavras raramente expressam o aroma das coisas, a não ser de uma maneira radical ou comparativa.

Cheiro de mato queimado, de carniça, de lixo, de fermento, de suor, de meia suja, odor de chiclete, aroma de rosa, de jasmim, ou algo assim. Nunca sabemos direito como nos expressar para qualificar um aroma.

Avaliar o aroma fica sendo uma tarefa muito subjetiva e cansativa, pois identificar um aroma através das palavras é complicado demais.

Mas temos que seguir tentando e tento descrever o aroma da tuberosa, poudré, doce, envolvente, intoxicante, liliáceo, induz ao sono, parece fruta, pastoso, mel.

Tem aroma secundário de pêssego, mamão, nectarina, manga ou alguma fruta cheirosa, amarela, polpuda e suculenta.

No fundo, bem no fundo, tem uma nota animal, meio podre, nauseante, cansativa. Que lembra flores velhas em uma vaso que ninguém se lembrou de trocar a água.

Como tecer uma canção de tuberosa? Combina tão bem com o jasmim e a rosa, mas contrário aos prognósticos, palmarosa e lemongrass.

Que base ficaria bem? Benjoim, styrax, opoponax, olíbano, talvez.

Na nota de sorriso, hespérides. Colheria tangerinas bem maduras. Petitgrain de limão capeta.

Este perfume não existe. Mas quem entendeu o meu pensamento, sabe do que estou falando.

Este jogo sensível de compor no papel, de escrever somente e imaginar, é o melhor de todos os perfumes.

É como o vôo ensolarado das abelhas negras de Guerlain, que eu imagino, imagino, mas não sei o que é.

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