terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eclipse total da Lua

Foi lindo! Acordamos de madrugada, o espetáculo já ia longe, pegamos o final, mas o céu ainda estava tão escuro quanto fica pouco antes do amanhecer. Quando a Lua entrou totalmente na zona de penumbra, o dia já clareava e víamos os primeiros pássaros saírem dos ninhos. Nossas silhuetas delineávam-se contra o céu. Uma nuvem do tipo cirrus estava pairando neste momento e encobriu totalmente a Lua, como um véu de estátua grega, "Ártemis eclipsada". Querendo sair do outro lado da nuvem, aos poucos a Lua foi sumindo, a Aurora foi raiando e, do lado Leste do céu, Vênus iluminava tudo. As primeiras nuvens do dia pintadas de bege rosado pelas mãos da Aurora. Mais tarde, o Solstício dava início a mais um Verão, o Sol iluminando tudo. Bom Verão a todos daqui e Bom Inverno aos que vivem do outro lado do planeta. Belezas que eu vejo e tento traduzir em palavras, como faço com os aromas. Nem sempre consigo. Consigo às vezes???

domingo, 19 de dezembro de 2010

Cinderella

Este, no tacho, é o sabonete Cinderella. Feito a partir de barrilha de cinzas do fogão de lenha, cera propolizada, cera de abelha, manteiga de karité, óleo de palma e coco babaçu, mais outros óleos interessantes. Perfumado com muitos óleos essenciais, caprichando no benjoim. Trabalhoso que só vendo!!! Demora muitos dias ou semanas para ser feito. Depende de tudo, do tempo, da decoada, da madeira que foi queimada, se a cinza é nova ou mais antiga, se queimou depressa ou ficou queimando muito tempo, enfim... Cada particularidade faz com que ele seja diferente a cada partida feita. Tenho a liberdade expressa de acrescentar um pouco de soda 50% para endurecer, se ele por sí só não conseguiu ficar na consistência, mas é raro. Primeiro a cinza: não pode ter nada que não seja lenha queimando alí. Papel, plástico, madeira tratada, pintada ou com agrotóxico, não podem ser usados para a confecção de sabonetes. Depois a decoada: se vou molhar a cinza, se vou deixar ela escura, se coarei a barrilha duas vezes ou mais, para concentrar, enfim, cada jeito é um jeito. Depois a barrilha vai ao fogo. Marrom para o Cinderella, cinzenta para o Casa Grande. Depois que começa a ferver, acrescento os óleos - aos poucos, para não explodir a preparação, que é um pequeno vulcão doméstico... Depois é mexer. Mexer, mexer, mexer, porque se parar de mexer, vai explodir. Quando adquire consistência de melado, como na foto, você já pode desligar o fogo e deixar para o dia seguinte a continuação. Todo este processo leva muitos dias. Depois de evaporar por alguns dias, retorna ao fogo para adquirir consistência pastosa. É onde vai ser tratado com uma técnica especial de atenuar aquele cheiro ruim da cinza. Segredo de ofício. Atingindo o ponto de sabão bem pastoso e pesado de mexer, desligo o fogo, deixo esfriar bem e perfumo. A Cinderela verdadeira, tinha uma fada madrinha. Meu Cinderella, tem uma Xabru que fica de olho nele. E dá um trabalho enorme, principalmente quando resolve dar um baile e me fazer dançar...

sábado, 18 de dezembro de 2010

DHAFER YOUSSEF - MIEL ET CENDRES

Estava em dúvida se fazia ou não um scrub de cinzas...
As pessoas não estão acostumadas a usar scrubs no Brasil, portanto nem esquentava com isso, mas me deu na telha que faria um, nem que fosse só para nosso uso, aqui em casa.
Aproveitando as cinzas do sabonete Cinderella, já esgotadas da barrilha, coloquei cera propolizada, cera de abelha comum, manteiga de karité, manteiga de cacau, óleo de palma, acrescentando muito mel, para limpar, nutrir, reduzir os poros, desintoxicar a pele.
Voce usa um scrub, molhando bem o corpo, espalhando bem a plastrequinha no corpo todo (ele é bem melequento), deixa ficar assim durante uns 5 minutos e depois enxágua abundantemente. Vale uma máscara para a pele do corpo inteiro.
Fazer um scrub pelo menos uma vez por semana é uma prática que vai fazer sua pele sadia e sedosa e você vai se sentir tão gostosa, depois!!!
Muito bem... Só que eu não sabia que nome colocar nesse scrub tão legal que eu inventei.
De repente, ouvi esta música e PLIM!
Miel et Cendres - Mel e Cinzas. Que legal!

The MAGIC Of Bulgarian Voices & Music - polegnala e todoora (Todoora's ...

Uma vez, era meu aniversário. Caiu em um domingo. Fui convidada a ir passear no Parque do Ibirapuera (eu nem lembrava que fazia anos, pois raramente me lembro desse tipo de coisa) para assistir um concerto. Chegamos cedo e fomos passear. Meu coturno novo apertava o pé direito de uma forma inenarrável e sentamos no gramado para esperar. Nesta hora já sabia que eram as Vozes Búlgaras, que eu tanto amava, que eu ia assistir. E aí, começou a chover. Pedi a minha querida Santa Bárbara que desse um tempo... mas que nada. Chovia mais e mais. Mas eu QUERIA assistir o coral. Junto conosco, uma boa meia dúzia de gatos literalmente ensopados. Com pena de nossa triste figura, a empresária nos chamou para sentar no palco. Total de umas 16 pessoas. E como estávamos lá e o coral também, e como tinham marcado uma apresentação e não queriam decepcionar, apresentaram-se para nós. Exclusivamente. Alí pertinho, ouvindo a respiração cadenciada daquelas mulheres lindas. Presente do marido, presente de Santa Bárbara, presente do Coral Vozes Búlgaras. Nunca fiquei arrepiada por tanto tempo...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Cambuquira

Cambuquira is the town I live and it is right in the middle of the triangle formed between Belo Horizonte (capital of the state of Minas Gerais), Rio de Janeiro (capital of the state of Rio de Janeiro) and São Paulo (capital of the state of São Paulo).
It is very small, incrusted amidst many hills (you can see the tallest one, Peripau, at the back of the picture). There aren't many touristic attractions, but all the ones there are, are good value for a visit.
First of all it is a Portal for the Water Circuit of Southern Minas Gerais, where you can drink the best mineral waters of Brazil. There are many Spa towns near here. Lambari, Caxambu, São Lourenço, Poços de Caldas are the most famous, but the water of Cambuquira is reputed to be the best of them all and I won't deny, although I love all the others too.
In Cambuquira, the water come sparkling and bubbly from the fountain. And you can't stop drinking the waters because they are so light and fizzy and fresh and full of energy from the earth.
They are: Lythium water , Sulphurous, Magnesium, Iron and Carbogaseous alcaline, all of them sparkling. These are the fountains in the park, but there are 3 or 4 more in the outskirts.
The mountains surrounding the town lead to many beautiful places, where you can go from here.
To visit Cambuquira is not the most extraordinary trip, but the sky and the waters are best quality, the air is very clean, wherever you go you feel at home and the sunsets are spectacular.
Come and try.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mercador de Especiarias

Quero as iranianas limas
do Iraque um figo seco
de Israel as olivas de um jardim que tem por lá
do Egito quero um rio de águas sagradas
(sagradas são as águas dos rios)
assim como da Jordânia um rio me bastará
Do Líbano quero a árvore
e a púrpura da Síria
dos países da Arábia
pistaches damascos amêndoas
trigo da Líbia
um rubi do Paquistão
turcos olhares troianos
pérolas do Japão
Especiarias incensos e panos
a calma unidade dos santos
indianos
tibetanos
Do Vietnã quero um amigo
da Coréia um bibelô
Porcelana sabedoria e um Buda de marfim
de Nanquim ou de Pequim
Ópio e seda da Tailândia
legítimo arroz malaio
na cabeça um chapéu das montanhas filipinas
um balinês a bailar Tudo isso quero ter
numa orgia de beleza
pra que eu saia da incerteza
pra que as idéias se aclarem dentro de minha mente
Que as rotas deste barco
linhas retas
largos traços que
sem controle embaraço
se definam de repente
que eu compreenda este mundo
que eu compreenda esta gente
Quero as lembranças todas
de um alargado turismo
na alma do homem que sou
e sem pensar
num instante
meu caminho
nesta vida
se oriente.
Ane*
1991 - Sítio Curupira

Curupira

In Brazilian indigenous culture there is a gnome called Curupira. He is small like a very ugly child, has red hair painted thick with urucum (anato seeds). Sometimes he walks on bare foot, sometimes he rides a caititu - a wild boar.

He carries an empty tortoise shell with which he beats a big tree called sumaúma to immitate a thunder even if the day is bright.

He wanders in the forest looking for tobacco leaves to chew or smoke and - this is the intersting part - chasing hunters and wood gatherers. Yes, Curupira is like a jungle guardian, a wild child like imp.

The funny thing about this character is that he has his feet turned backwards, and whistles like an uirapuru, a small bird that sings so marvelously that all the other birds and creatures keep silent to listen to its song. It sings only once a year.

This legendary bird brings good luck to the ones who own it. So if you find one you are lucky forever. Any hunter will certainly go for it.

Soon he will find footprints and thinks someone else is searching for the bird, so he has to get it first. Sooner or later he will encounter the gnome who will ask him for a smoke.

If he doesn't fulfill his wish, Curupira will kill and eat the hunter. Nobody can go into the jungle to fell a tree unless they make Curupira a gift of tobacco and meat.

Of course the Curupira is only a legend for innocent people like children and indians. If he was real he would protect the jungles of Brazil against greed, depletion and degradation.

All this is by way of explaining why I called my homestead Sítio Curupira, where I am at this moment.

It is sunny and silent. Only the birds are singing.

I am going to go out.