Quero as iranianas limas
do Iraque um figo seco
de Israel as olivas de um jardim que tem por lá
do Egito quero um rio de águas sagradas
(sagradas são as águas dos rios)
assim como da Jordânia um rio me bastará
Do Líbano quero a árvore
e a púrpura da Síria
dos países da Arábia
pistaches damascos amêndoas
trigo da Líbia
um rubi do Paquistão
turcos olhares troianos
pérolas do Japão
Especiarias incensos e panos
a calma unidade dos santos
indianos
tibetanos
Do Vietnã quero um amigo
da Coréia um bibelô
Porcelana sabedoria e um Buda de marfim
de Nanquim ou de Pequim
Ópio e seda da Tailândia
legítimo arroz malaio
na cabeça um chapéu das montanhas filipinas
um balinês a bailar
Tudo isso quero ter
numa orgia de beleza
pra que eu saia da incerteza
pra que as idéias se aclarem dentro de minha mente
Que as rotas deste barco
linhas retas
largos traços que
sem controle embaraço
se definam de repente
que eu compreenda este mundo
que eu compreenda esta gente
Quero as lembranças todas
de um alargado turismo
na alma do homem que sou
e sem pensar
num instante
meu caminho
nesta vida
se oriente.
Ane*
1991 - Sítio Curupira
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